Se não fosse o atraso do Joel...

Quem me conhece sabe que odeio atrasos. Não gosto de chegar tarde a lado algum, odeio que cheguem atrasados seja por que motivo for (vá, se tiverem sido atropelados por um autocarro cheio de velhinhas a gritar e forem parar ao hospital com vários ossos partidos, posso pensar em perdoar). Acho uma tremenda falta de respeito pensarem que o tempo deles é mais precioso que o meu. Fico mal-disposto e arraso a pessoa na hora, sempre com elegência, claro. E tirando o meu querido Padrinho, que é atrasado por natureza (nem sei como é ele conseguiu nascer aos 9 meses), não há quem fique imune aos meus poderes arrasadores no que toca a atrasos.

Mas, hoje, pela primeira vez, um atraso fez com que uma série de acontecimentos maravilhosos tivessem lugar.

Se não fosse o atraso do Joel, não tinha conhecido uma alemã super simpática a quem fiz o favor de apresentar a Faculdade de Letras. A rapariga chegou ontem a Portugal e os idiotas chapados dos Erasmus Buddies que ficaram encarregues de lhe apresentar o Porto e, principalmente, a Faculdade, entregaram-lhe um mapa e "desenmerda-te filha que se faz tarde!". Portanto, lá fui dar-lhe a conhecer o futuro local de estudo dela e fiquei a saber que o meu "english accent is very good" e que falo melhor do que muitos amigos dela que estudam inglês como nós estudamos português.

Se não fosse o atraso do Joel, não ficaria a conhecer a recepcionista mais Tia do Porto, cujo lema de vida é "Não vivemos de aparências" (digam isto com aquele toque José Castelo Branco), nem ficaria a saber que, infelizmente, ainda há pessoas que (e não digo isto num tom jocoso nem depreciativo) só conseguem escrever o nome passadas três tentativas, afirmando "foi o melhor que consegui".

Se não fosse o atraso do Joel, não comeria uma bela de uma torrada, um croissaint de chocolate e uma meia de leite pela módica quantia de 1.70.

Por isso, que bom atraso Padrinho. Mas se voltas a atrasar-te, lixo-te.